[K – O]

K.
Enquanto no Brasil a letra K é chamada “cá”, em Portugal é dita “capa”. Capa-gê-bê (KGB), a famosa polícia secreta soviética.

Karaoke.
Um desencontro fonético: em Portugal, para estranhamento de muitos brasileiros, a palavra é lida como caraóque (e não caraoquê).

Kiwi.
No Brasil, diz-se – majoritariamente – quiuí (ou quívi, palavra paroxítona). Em Portugal, predomina a forma quiví (oxítona).

Labrego.
Pessoa do campo, “caipira”, sem grande instrução. Como calão corrente, refere-se à pessoa rude, grosseira, semelhante à palavra chucro, no Brasil.

Laca.
Laquê (para fixação dos cabelos). Além do produto estético, há a goma laca, também conhecida no Brasil.

Laço.
Usado, geralmente, com um fato (terno), é conhecido no Brasil como gravata-borboleta.

Lambe-botas.
O famoso puxa-saco, baba-ovo.

Lambreta.
Cerveja servida em copo menor.

Lanço.
Trecho (ou troço, outro termo corrente em Portugal) de uma auto-estrada, avenida, etc. O lanço entre Mirandela Poente e Mirandela Norte tem 6 km.

Laracha.
Disparate, parvoíce, gracejo. Mandar larachas!

Larilas.
Calão vulgar e depreciativo dado ao homossexual (sobretudo masculino): veado, bichinha, maricas.

Lavandaria.
Lavanderia.

Leccionação.
Palavra pouco usada no Brasil, onde é preferido o termo ensino.

Leite creme.
Diferente do que o nome sugere, o leite creme não é o creme de leite brasileiro (em Portugal, conhecido por natas): leite creme é, na doçaria portuguesa, uma sobremesa semelhante ao crème brûlée. 

Levantar.
Em contexto bancário, o verbo levantar é preferido em relação a sacar. Nos caixas eletrônicos portugueses, a opção levantamento (saque) logo surge na tela principal.

Libelinha.
Como também são conhecidas as libélulas.

Licenciatura.
Os cursos de graduação. Em Portugal, não é costume referir-se às licenciaturas como – estritamente – cursos de formação de professores, como acontece no Brasil. No ensino superior português, tanto licenciaturas como bacharelados são designados, genericamente, licenciatura (primeiro ciclo).

Liceu.
Escola secundária. O João andou comigo no liceu.

Lingrinhas.
Calão para franzino, magrinho, mirrado. Era um lingrinhas: era um palito.

Língua gestual.
São chamadas línguas gestuais as línguas usadas pelas comunidades surdas (no caso português, a Língua Gestual Portuguesa – LGP). No Brasil, opta-se pela expressão línguas de sinais. Gestos, em Portugal, sinais no Brasil.

Linguado.
Além de um peixe, linguado em Portugal é o brasileiro beijo de língua. O beijo à francesa, quente e cheio de línguas.

Litrosa.
Cerveja em garrafa de um litro.

Lixado.
Expressão de desgosto, frustração, desalento, apreensão: estar lixado é como, em bom brasileiro, estar lascado, ferrado.

Lixívia.
Água sanitária, cândida (em algumas regiões do Brasil).

Logótipo.
Enquanto no Brasil a palavra é dita como paroxítona, em Portugal se “proparoxitonou”: log[ó]tipo.

Loiça.
Louça.

Loja do Cidadão.
Centros integrados de atendimento ao cidadão, com postos de diversas instituições e repartições públicas, que disponibilizam de forma “rápida” vários tipos de serviços (registos, certidões, etc.). Similar aos Poupatempos presentes em alguns estados brasileiros.

Lotaria.
Loteria.

Lume.
Fogo oriundo de isqueiros, acendedores, fogões, etc. Se no Brasil “tem fogo?” é pergunta (e flerte) corrente, em Portugal muito se ouve o “tens lume?”.

Luvas.
A quantia dada, por baixo dos panos, a alguma autoridade (p.e.) para a obtenção de privilégios ou abrandamento de punições. A famosa propina, no Brasil. (Propina, em Portugal, refere-se às mensalidades e taxas legais pagas a alguma instituição).

LX.
Sigla comumente utilizada para se referir à Lisboa, capital portuguesa. As letras originam-se da antiga grafia, “Lixbõa”.

Macacos do nariz.
As famosas catotas. Tirar macacos do nariz: tirar caca do nariz.

Madeixas.
Em salões de beleza portugueses, madeixas refere-se ao que, no Brasil, é chamado de luzes. Madeixas californianas, luzes californianas; fazer luzes, fazer madeixas.

Madraço.
Preguiçoso.

Magoar.
Sem o sentimentalismo da mágoa, a palavra também se refere à machucar. O puto magoou-se no joelho.

Magusto.
Festa popular em que pessoas celebram com fogueiras, castanhas assadas e vinho novo, comumente comemorado no dia de São Martinho (11 de novembro).

Mais pequeno.
A expressão não escandaliza professoras primárias, nem paladinos da língua, em Portugal. Em falas do dia-a-dia ou em registros formais, mais pequeno é usado – corretamente – como a sua forma sintética menor.

Malga.
Tigela, cumbuca. Uma malga de arroz.

Malta.
Galera (turma, pessoal).

Mandrião.
Preguiçoso.

Manfio.
Mafioso, pequeno criminoso, patife.

Manga cava.
T-shirt manga cava: camiseta de manga regata. O termo sofre variações regionais: manga à cava, manga cavada.

Manga de vento.
Objeto (comumente listrado, como uma bandeirola hasteada em formato de cone) que indica visualmente o sentido do vento. No Brasil, tal sinalizador é conhecido como biruta.

Mangalho.
Forma vulgar para se referir ao pênis: jeba, pica.

Manguito.
Poucos são os que, em Portugal, dão uma banana para alguém. Esse gesto insultuoso, feito com os dois braços (cruzando-se um na vertical e o outro na horizontal), é conhecido em terras lusitanas como fazer um manguito. “Cristiano Ronaldo faz um manguito à Javi Martinez”, diz o Diário de Notícias. 

Maquilhagem.
Maquiagem (também chamada por alguns brasileiros de maquilagem).

Marado.
Calão de rua: louco, doido. Fiquei marado quando o vi fazer aquilo!

Marcha atrás.
Também usado como marcha à ré.

Maré vaza.
Termo utilizado por alguns para se referir à maré baixa, baixa-mar.

Mata-bicho.
A palavra, usada em algumas regiões de Portugal, é ouvida – principalmente – entre imigrantes de PALOPs como Angola e Moçambique. O café da manhã (ou pequeno almoço, em Português europeu).

Matraquilho.
Pebolim, totó. Em Portugal, também chamado, popularmente, de matrecos.

Matrícula.
Placa do carro, chapa. O Renault com matrícula portuguesa andava pela Alemanha.

Mealheiro.
No Brasil, popularmente chamado de cofrinho. O porquinho-mealheiro.

Media.
Diferente do Brasil, em que a palavra é traduzida para mídia, em Portugal mantém-se o anglicismo. Multimedia, multimídia. É necessário um programa de educação para os media.

Medicina Dentária.
Nome dado ao curso de odontologia em Portugal, que conta com algumas diferenças substanciais em relação ao Brasil.

Médios.
Os faróis baixos (de automóveis). No túnel, ligue os médios.

Medricas.
Medroso(a). Sempre foste um medricas!

Medronho.
Fruto originário do medronheiro e com o qual se produz uma famosa aguardente: a aguardente de medronho.

Meia-de-leite.
Chávena grande de café com leite, pedida comumente em tascas, cafetarias, pastelarias e restaurantes.

Meia-final.
Em campeonatos esportivos, a semifinal.

Melga.
Pernilongo, muriçoca.

Metro.
Metrô. (Em Portugal, fala-se métro, como a unidade de medida).

Mezzanine.
Em casas, apartamentos, prédios e construções, o mezanino.

Migas.
Prato comum, principalmente na região alentejana, preparado com pães ou batatas amassadas, misturados com uma série de temperos e ingredientes.

Miguel Ângelo.
O famoso pintor-escultor-arquiteto renascentista Michelangelo Buonarroti.

Mil Milhões.
Bilhões.

Mimo.
Mímico. Para além do mímico, a palavra mimo é também usada como no Brasil, referindo-se a um apreço, um carinho, um presente: um miminho.

Minhoto.
Originário da região do Minho (norte de Portugal).

Mini.
Forma comum, e quase carinhosa, para se referir à pequena garrafa de cerveja, com cerca de 250 ou 300 ml. Na tasca, a beber umas minis.

Mirandês.
Uma das três línguas oficiais de Portugal, ao lado do Português e da Língua Gestual Portuguesa, falada na região de Miranda do Douro (extremo nordeste do país). Lhéngua mirandesa!

Mitra.
Marginal, maloqueiro, mano. Havia lá uns mitras.

Miúdo.
Criança, guri pequenino. Cuidadinho aí! Vão miúdos aqui!, diz um colante em vidro de carro. O termo miúda é também usado para se referir a moças, raparigas.

Mobilado.
Mobiliado (com mobília).

Moca.
Efeito provocado pelo uso de diferentes drogas. Ganda moca!

Mola.
Prendedor. Para prender as roupas ao estendal (varal), usam-se molas (prendedores).

Monhé.
Embora o termo monhé seja usado em alguns países lusófonos (como Moçambique, p.e.) para designar mestiços de árabes e negros, em Portugal ele ganha, por vezes, um tom depreciativo, referindo-se sobretudo a comerciantes de origem árabe, paquistanesa e indiana.

Montra.
Vitrine.

Morada.
Endereço.

Morcão.
Calão mais comum ao norte do país para se referir a pessoas preguiçosas, moles, indolentes. Anda lá, morcão!

Morgue.
Necrotério.

Mortalha.
Seda, papel fino para fazer cigarros.

Moscovo.
Moscou, a capital da Rússia.

Mota.
Moto.

Mota de água.
Também chamado de jet ski.

Mudanças.
Marchas, câmbio (de carro, p.e.). Mudança engatada?

Muita.
Em muitas falas do dia-a-dia, principalmente entre os mais jovens, o advérbio muito é flexionado (de forma curiosa) no feminino para dar ênfase à dimensão ou à intensidade do que se anuncia: estava muita bom, muita grande, muita giro!

Mulher a dias.
Faxineira, diarista.

Multibanco.
Rede de terminais automáticos (caixas eletrônicos) em que é possível fazer transações bancárias de vários bancos, bastante comuns em Portugal.

Mundial de Futebol.
A Copa do Mundo.

Nadador-salvador.
Salva-vidas (em praias, piscinas, etc.). Antigamente, usava-se a palavra banheiro para nomear tais nadadores – palavra hoje em desuso.

Naifa.
Calão para facas, navalhas e canivetes. A palavra surge do aportuguesamento de knife.

Natalícia.
Natalina. Festas natalícias: festas natalinas.

Natas.
Creme de leite.

Nazi.
Nazista. Em português europeu, diz-se nazi como palavra oxítona, diferente do Brasil, em que a contração “nazi” é habitualmente lida como paroxítona.

Negoceio.
Se no Brasil eu negocio, em Portugal eu negoceio. Sinônimos, sinónimos, negócios à parte.

Népia.
Não, nada, nopsTens tabaco? Népia, acabou.

Nestum.
O famoso Neston (Nestlé), em versão portuguesa.

Nhanha.
Algo pegajoso, viscoso. Também usado para se referir ao sêmem, porra.

Nódoa.
Em Portugal, a palavra nódoa se sobressai em relação ao termo mancha. Os produtos tira-manchas brasileiros encontram versões análogas nos tira-nódoas portugueses.

Nome de código.
Codenome. Codenome Perigo, traz o título da série Alias no Brasil. Nome de código Mercúrio, intitula-se o filme Mercury Rising em Portugal.

Nova Jérsia.
O estado norte-americano de Nova Jérsei (Nova Jersey, New Jersey).

Número Verde.
Números telefônicos de ligação gratuita, conhecidos no Brasil como zero-oitocentos (em Portugal, bem como em outros países da Europa, também costumam iniciar com 800).

Oferta.
Em lojas portuguesas, não raro se ouve de algum vendedor: “para oferta?”. A pergunta não se refere a descontos ou promoções, mas equivale à “para presente?”.

Oiças.
Forma como muitos portugueses diriam: “ouça”.

Oiro.
Por alguns usada em detrimento de ouro.

Olá.
A famosa linha de sorvetes da Unilever conhecida como Kibon, no Brasil, e Frigo, na Espanha, em Portugal chama-se Olá.

Orégão. 
Orégano.

Os Três Estarolas.
Curly, Larry e Moe. No Brasil conhecidos como Os Três Patetas.

Osga.
A típica lagartixa encontrada em lares brasileiros, de corpo “mole e cinzento”, tidas como importante para o controle de pragas domésticas. Em Portugal, a palavra lagartixa refere-se ao pequeno lagarto do mato.

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